A Roupa Nova do Rei (http://www.clubedobebe.com.br/HomePage/Fabulas/aroupanovadorei.htm) de Hans Christian Andersen
"Era uma vez um rei, tão exageradamente amigo de roupas novas, que nelas gastava todo o seu dinheiro. Ele não se preocupava com seus soldados, com o teatro ou com os passeios pela floresta, a não ser para exibir roupas novas. Para cada hora do dia, tinha uma roupa diferente. Em vez de o povo dizer, como de costume, com relação a outro rei: "Ele está em seu gabinete de trabalho", dizia "Ele está no seu quarto de vestir".
A vida era muito divertida na cidade onde ele vivia. Um dia, chegaram hóspedes estrangeiros ao palácio. Entre eles havia dois trapaceiros. Apresentaram-se como tecelões e gabavam-se de fabricar os mais lindos tecidos do mundo. Não só os padrões e as cores eram fora do comum, como, também as fazendas tinham a especialidade de parecer invisíveis às pessoas destituídas de inteligência, ou àquelas que não estavam aptas para os cargos que ocupavam.
"Essas fazendas devem ser esplêndidas, pensou o rei. Usando-as poderei descobrir quais os homens, no meu reino, que não estão em condições de ocupar seus postos, e poderei substituí-los pelos mais capazes... Ordenarei, então, que fabriquem certa quantidade deste tecido para mim."
Pagou aos dois tecelões uma grande quantia, adiantadamente, para que logo começassem a trabalhar. Eles trouxeram dois teares nos quais fingiram tecer, mas nada havia em suas lançadeiras. Exigiram que lhes fosse dada uma porção da mais cara linha de seda e ouro, que puseram imediatamente em suas bolsas, enquanto fingiam trabalhar nos teares vazios.
- Eu gostaria de saber como vai indo o trabalho dos tecelões, pensou o rei. Entretanto, sentiu-se um pouco embaraçado ao pensar que quem fosse estúpido, ou não tivesse capacidade para ocupar seu posto, não seria capaz de ver o tecido. Ele não tinha propriamente dúvidas a seu respeito, mas achou melhor mandar alguém primeiro, para ver o andamento do trabalho.
Todos na cidade conheciam o maravilhoso poder do tecido e cada qual estava mais ansioso para saber quão estúpido era o seu vizinho.
- Mandarei meu velho ministro observar o trabalho dos tecelões. Ele, melhor do que ninguém, poderá ver o tecido, pois é um homem inteligente e que desempenha suas funções com o máximo da perfeição, resolveu o rei.
Assim sendo, mandou o velho ministro ao quarto onde os dois embusteiros simulavam trabalhar nos teares vazios.
- "Deus nos acuda!!!" pensou o velho ministro, abrindo bem os olhos. "Não consigo ver nada!"
Não obstante, teve o cuidado de não declarar isso em voz alta. Os tecelões o convidaram para aproximar-se a fim de verificar se o tecido estava ficando bonito e apontavam para os teares. O pobre homem fixou a vista o mais que pode, mas não conseguiu ver coisa alguma.
- "Céus!, pensou ele. Será possível que eu seja um tolo? Se é assim, ninguém deverá sabê-lo e não direi a quem quer que seja que não vi o tecido."
- O senhor nada disse sobre a fazenda, queixou-se um dos tecelões.
- Oh, é muito bonita. É encantadora!! Respondeu o ministro, olhando através de seus óculos. O padrão é lindo e as cores estão muito bem combinadas. Direi ao rei que me agradou muito.
- Estamos encantados com a sua opinião, responderam os dois ao mesmo tempo e descreveram as cores e o padrão especial da fazenda. O velho ministro prestou muita atenção a tudo o que diziam, para poder reproduzi-lo diante do rei.
Os embusteiros pediram mais dinheiro, mais seda e ouro para prosseguir o trabalho. Puseram tudo em suas bolsas. Nem um fiapo foi posto nos teares, e continuaram fingindo que teciam. Algum tempo depois, o rei enviou outro fiel oficial para olhar o andamento do trabalho e saber se ficaria pronto em breve. A mesma coisa lhe aconteceu: olhou, tornou a olhar, mas só via os teares vazios.
- Não é lindo o tecido? Indagaram os tecelões, e deram-lhe as mais variadas explicações sobre o padrão e as cores.
"Eu penso que não sou um tolo, refletiu o homem. Se assim fosse, eu não estaria à altura do cargo que ocupo. Que coisa estranha!!"...
Pôs-se então a elogiar as cores e o desenho do tecido e, depois, disse ao rei: "É uma verdadeira maravilha!!"
Todos na cidade não falavam noutra coisa senão nessa esplendida fazenda, de modo que o rei, muito curioso, resolveu vê-la, enquanto ainda estava nos teares. Acompanhado por um grupo de cortesões, entre os quais se achavam os dois que já tinham ido ver o imaginário tecido, foi ele visitar os dois astuciosos impostores. Eles estavam trabalhando mais do que nunca, nos teares vazios.
- É magnífico! Disseram os dois altos funcionários do rei. Veja Majestade, que delicadeza de desenho! Que combinação de cores!
Apontavam para os teares vazios com receio de que os outros não estivessem vendo o tecido. O rei, que nada via, horrorizado pensou: "Serei eu um tolo e não estarei em condições de ser rei? Nada pior do que isso poderia acontecer-me!" Então, bem alto, declarou:
- Que beleza! Realmente merece minha aprovação!! Por nada neste mundo ele confessaria que não tinha visto coisa nenhuma.
Todos aqueles que o acompanhavam também não conseguiram ver a fazenda, mas exclamaram a uma só voz:
- Deslumbrante!! Magnífico!!
Aconselharam eles ao rei que usasse a nova roupa, feita daquele tecido, por ocasião de um desfile, que se ia realizar daí a alguns dias. O rei concedeu a cada um dos tecelões uma condecoração de cavaleiro, para seu usada na lapela, com o título "cavaleiro tecelão". Na noite que precedeu o desfile, os embusteiros fizeram serão. Queimaram dezesseis velas para que todos vissem o quanto estavam trabalhando, para aprontar a roupa. Fingiram tirar o tecido dos teares, cortaram a roupa no ar, com um par de tesouras enormes e coseram-na com agulhas sem linha. Afinal, disseram:
- Agora, a roupa do rei está pronta.
Sua Majestade, acompanhado dos cortesões, veio vestir a nova roupa. Os tecelões fingiam segurar alguma coisa e diziam: "aqui está a calça, aqui está o casaco, e aqui o manto. Estão leves como uma teia de aranha. Pode parecer a alguém que não há nada cobrindo a pessoa, mas aí é que está a beleza da fazenda".
- Sim! Concordaram todos, embora nada estivessem vendo.
- Poderia Vossa Majestade tirar a roupa? propuseram os embusteiros. Assim poderíamos vestir-lhe a nova, aqui, em frente ao espelho.
O rei fez-lhes a vontade e eles fingiram vestir-lhe peça por peça. Sua majestade virava-se para lá e para cá, olhando-se no espelho e vendo sempre a mesma imagem, de seu corpo nu.
- Como lhe assentou bem o novo traje! Que lindas cores! Que bonito desenho! Diziam todos com medo de perderem seus postos se admitissem que não viam nada.
O mestre de cerimônias anunciou:
- A carruagem está esperando à porta, para conduzir Sua Majestade, durante o desfile.
- Estou quase pronto, respondeu ele.
Mais uma vez, virou-se em frente ao espelho, numa atitude de quem está mesmo apreciando alguma coisa. Os camareiros que iam segurar a cauda, inclinaram-se, como se fossem levantá-la do chão e foram caminhando, com as mãos no ar, sem dar a perceber que não estavam vendo roupa alguma. O rei caminhou à frente da carruagem, durante o desfile. O povo, nas calçadas e nas janelas, não querendo passar por tolo, exclamava:
- Que linda é a nova roupa do rei! Que belo manto! Que perfeição de tecido!
Nenhuma roupa do rei obtivera antes tamanho sucesso!
Porém, uma criança que estava entre a multidão, em sua imensa inocência, achou aquilo tudo muito estranho e gritou:
- Coitado!!! Ele está completamente nu!! O rei está nu!!
O povo, então, enchendo-se de coragem, começou a gritar:
- Ele está nu! Ele está nu!
O rei, ao ouvir esses comentários, ficou furioso por estar representando um papel tão ridículo! O desfile, entretanto, devia prosseguir, de modo que se manteve imperturbável e os camareiros continuaram a segurar-lhe a cauda invisível. Depois que tudo terminou, ele voltou ao palácio, de onde envergonhado, nunca mais pretendia sair. Somente depois de muito tempo, com o carinho e afeto demonstrado por seus cortesões e por todo o povo, também envergonhados por se deixarem enganar pelos falsos tecelões, e que clamavam pela volta do rei, é que ele resolveu se mostrar em breve aparições... Mas nunca mais se deixou levar pela vaidade e perdeu para sempre a mania de trocar de roupas a todo momento.
Quanto aos dois supostos tecelões, desapareceram misteriosamente, levando o dinheiro e os fios de seda e ouro. Mas, depois de algum tempo, chegou a notícia na corte, de que eles haviam tentando fazer o mesmo golpe em outro reino e haviam sido desmascarados, e agora cumpriam uma longa pena na prisão.
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Reparem que nesta parábola ninguém expôs o Rei, mas ele mesmo se expôs gratuitamente. A criança somente declarou o fato constatado por todos, embora jamais admitido...
Poderíamos imaginar uma conclusão diferente para esta estória. Que ao invés de aceitar e desmascarar o engano e com isto cobrir o logo o rei para que não continuasse se expondo, todo mundo tivesse resolvido punir a criança severamente, inclusive com banimento do reino, para abafar a ingênua ousadia dela. Condenando-a por desrespeitar a pessoa do Rei e ofender a inteligência dos súditos, afinal quem era ela para questionar o que todo o reino concordava unanimente!
Desnecessário dizer que o cenário neste caso seria de impressionar um forasteiro que viesse e por acaso presenciasse um desfile do rei com a tal "roupa nova", que vai se atualizando. Se ele não cair no jogo dos trapaceiros (que nestas alturas teriam todo o reino como seus aliados) e também entrar no "faz de conta", a despeito das maravilhas e virtudes que este viesse a testemunhar naquele reino, este julgaria estar em um reino de loucos e não de sábios. Também neste caso, imaginem o quanto os trapaceiros estariam se divertindo com a cena, que se não fosse trágica, seria cômica! O pior é que, para o bem de preservar o cenário maluco, os trapaceiros continuariam tendo grande prestigio tanto por parte do rei quanto dos súditos daquele reino...
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Para a interpretação da parábola proponho o seguinte significado:
ROUPA = MINISTÉRIO E OBRA DE ALGUÉM
TRAPACEIROS = O MALIGNO E SEUS ANJOS QUE IMITARAM SER O ESPÍRITO SANTO (supostos tecelões)
INTELIGÊNCIA = PRESUMIVEL HABILIDADE DE TER E DISCERNIR A "VISÃO" ESPIRITUAL MÍSTICA DA IGREJA, DA ECONOMIA DIVINA, DA AUTORIDADE ESPIRITUAL, MINISTÉRIO, ETC... HABILIDADE ESTA SERIA DECORRENTE DE CONSTITUIÇÃO DA PALAVRA, "CRESCIMENTO DE VIDA", CORAÇÃO PURO, ETC...
REI = LIDER DE UMA OBRA (TEM INUMEROS CASOS NO REINO DE DEUS...)
ROUPA NOVA = REVELAÇÃO PRIVELEGIADA DE MINISTÉRIO ESPECIAL, ESPECÍFICO E ATUAL, COM UNÇÃO DIVINA ESPECIAL PARA UMA GRANDE OBRA ESPECIAL E ÚNICA PARA A IGREJA, SOB A DIREÇÃO DIRETA DO TRONO DE DEUS, NOS MOLDES COMO DEUS DIRIGIU MOISÉS NO VELHO TESTAMENTO. (IMPLICA INCLUSIVE EM UMA ÓTICA QUE SOBREPÕE O PRÓPRIO MINISTÉRIO NEOTESTAMENTÁRIO COM O MINISTÉRIO PARTICULAR DE ALGUÉM)
Observe-se que a "Roupa Nova" referida acima não corresponde à visão celestial citada por Paulo em Atos 26:19 (nota rodapé 1) e muito bem descrita por ele em suas epístolas. Refere-se a uma tentativa de visualização de tal revelação maravilhosa na prática aqui e agora. Ai é que surge o problema, o confundir as duas coisas, pois quem admitir não ter tal visão da "roupa nova" é tido como desprovido de inteligência (visão espiritual)!
De resto uma imagem fala mais que mil palavras...
"Sempre que um líder especial, ou uma doutrina específica, ou alguma experiência, ou credo, ou organização se torna um centro para congregar os crentes de diferentes lugares, então seu centro é outro que não Cristo e sua esfera de ação é outra que não a local; e sempre que a esfera da localidade, divinamente apontada, é substituída por uma esfera de invenção humana, ali não pode repousar a aprovação divina. Os crentes situados em tal esfera podem verdadeiramente amar ao Senhor, mas eles têm outro centro à parte d’Ele, e é muito natural que o segundo centro se torne o centro controlador. Cristo é o centro comum de todas as igrejas, mas qualquer grupo de crentes que tenha um líder, uma doutrina, uma experiência, um credo ou uma organização como centro de fraternidade, verificará que esse centro se torna o centro, e por via desse centro é que eles determinam quem pertence ao grupo e quem não pertence.
Qualquer coisa que se torna um centro para unir os crentes de diferentes lugares criará um campo de ação que inclui todos os crentes que se ligam a esse centro e exclui todos os que não se ligam. Esta linha divisória destruirá a fronteira de localidade apontada por Deus e, conseqüentemente, destruirá a própria natureza das igrejas de Deus."
(Watchman Nee, em “A Vida Normal da Igreja Cristã” no fim do item sobre Como preservar o caráter local das Igrejas, dentro do capítulo 4 cujo titulo é AS IGREJAS FUNDADAS PELOS APÓSTOLOS)
PF
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